Brasil tem saldo positivo de quase 1 milhão de vagas este ano

Fonte: O Globo
27/05/2021
Geral

O Brasil registrou um saldo positivo de 120.935 de vagas de emprego com carteira assinada no mês de abril. Com esse resultado, foi ao todo quase um milhão de novas vagas nos quatro primeiros meses do ano: 957.889 registros. Até março, o país já havia registrado 837.074 novos postos de trabalho formal.

Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e foram divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério da Economia. Eles são resultado de 1.381.767 admissões e de 1.260.832 desligamentos.

Os dados vieram na sequência da reedição do programa de manutenção do emprego e renda (BEm), que permite a suspensão de contratos de trabalho e redução de jornada e salários, com um período subsequente de estabilidade no emprego.

O ministro Paulo Guedes destacou o resultado e a força da recuperação do mercado de trabalho brasileiro, citando a geração de um milhão de empregos nos últimos quatro meses de 2020 e o desempenho acumulado em 2021.

— É evidente que o ritmo de criação de emprego no mês de abril foi mais lento porque foi grande o impacto quando as mortes atingiram o pico dessa segunda onda, o distanciamento social, a prudência fizeram com que houvesse uma retração na geração de empregos, mas ainda assim prossegue forte o mercado de trabalho – destacou.

Mais uma vez, o ministro destacou como solução a vacinação em massa, para garantir o retorno seguro ao trabalho, e as medidas de proteção do governo, como o auxílio emergencial, para a proteção dos trabalhadores informais, e o BEm.

Setores suspendem contratos, mas seguem contratando

A nova rodada do BEm passou a valer no dia 28 de abril e até a terça-feira já haviam sido celebrados 1.922.470 acordos entre empregados e empregadores. A maior parte deles – 798.443 – foram de suspensão de contrato de trabalho. Entre as reduções de carga horária, a diminuição de 70% da jornada é a que teve mais acertos: 547.989.

O setor de serviços foi responsável pela maioria dos acordos firmados: até o momento, foram 1.017.706. Na sequência aparecem comércio, com 493.748 acertos, e a indústria, que já fechou 355.273 acordos.

Há ainda trabalhadores que, neste ano de 2021, gozam da estabilidade por terem aderido a contratos do BEm na sua versão anterior, de 2020. Segundo a Economia, em abril, 2,9 milhões de pessoas tinham garantia provisória do emprego por causa dos acertos firmados no ano anterior.

Todos os setores avaliados pelo Caged registraram saldo positivo na geração de vagas em abril. Mais uma vez, o setor de serviços puxou a contratação, com criação de 57.610 postos. Na sequência aparecem construção (22.224 vagas), indústria (19.884 postos), agricultura (11.145 vagas) e comércio (10.124 postos).

Entre os estados, 23 das 27 unidades federativas registraram avanço na criação de empregos. Mais uma vez, São Paulo foi o estado que mais gerou vagas, com 30.174.

Quatro estados, todos no Nordeste ou Norte, tiveram desempenho negativo: Alagoas perdeu 3.208 postos, Sergipe teve saldo negativo de 92 postos, no  Rio Grande do Norte o resultado foi de menos 61 vagas e o Amapá teve menos 60 vagas.

BEm e resiliência da economia

Especialistas ouvidos pelo GLOBO avaliam que os resultados do Caged apresentam uma desaceleração na geração de vagas, mas ainda são fortes, o que demonstra resiliência da economia e os efeitos dos programas de proteção ao emprego.

Para Patricia Krause, economista da Coface para América Latina, uma vez que o impacto da pandemia em 2021 não foi tão forte sobre a atividade, faz sentido não ter sido tão forte no mercado de trabalho. Mas ela pondera que os dados do Caged ainda estão bastante descolados do desemprego persistente mostrado pela Pnad, do IBGE, que capta mais os movimentos do mercado informal.

— Os setores vem sendo afetados de formas distintas pela pandemia e tem programas, como o BEm, que pode ter ajudado a manter esse patamar (de emprego formal). Algumas empresas, mais resilientes, vão bem e abrem (vagas), outras mantêm os funcionários reduzindo as horas e as que fecham, não estão todas reportando – avalia.

Para o Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da FGV, o retrato do mercado de trabalho é um meio do caminho: nem tão otimista quanto o Caged, nem tão pessimista quanto a Pnad.

— Esse é o segundo mês seguido de desaceleração, muito influenciado pela pandemia. Mas temos um aprendizado das empresas e das pessoas, e não é o mesmo impacto negativo de 2020. Com a piora da pandemia, março e abril foram os meses com mais restrições e era esperado que tivesse uma desaceleração – pontuou, lembrando que a reedição do BEm pode ter incentivado a manutenção dos empregos.

O resultado do Caged confirmou a expectativa de desaceleração na criação de vagas da Tendências Consultoria, mas o resultado foi abaixo da estimativa, que era de saldo de 200 mil vagas, como explicou o economista Lucas Assis.

— Até o final do primeiro semestre, vamos continuar tendo a desaceleração na abertura dos empregos formais, muito por conta do efeito defasado que a atividade econômica tem sobre o mercado de trabalho. No segundo semestre é que a gente deve ver um ritmo mais forte na geração de vagas, por conta dos impactos do novo BEm, que deve atingir de 4 a 5 milhões de acordos, e maior resiliência econômica – avalia.

Desenvolvido por:

Desenvolvido por: